Esta semana, esteve sob os holofotes da mídia o Senador Renan Calheiros, presidente do Congresso Nacional, depois de reportagem da Revista Veja que insinuava ter o senador recebido propinas de empreiteira para pagar um “mensalinho” à ex-amante e à filha gerada inadvertidamente.Ah! Estão pensando que é nele que vou desfechar uma ou duas bengaladas?Puro engano!Em primeiro lugar, porque não aceito como verdade irrefutável tudo o que a imprensa noticia ou comenta. Embora a imagem que transparece das ações espúrias de muitos políticos brasileiros não seja das mais impolutas, sou cético, questiono as aparências e me questiono freqüentemente.No correr da semana, o noticiário divulgou não apenas a defesa razoavelmente crível do senador alagoano, mas também, o espetáculo corporativista montado pelos colegas do denunciado para acolhe-la. Este sim, merecedor de uma bengalada na hipocrisia de cada um dos que promulgaram a inocência do companheiro sem antes analisar as provas apresentadas.Na minha análise de homem vivido e escritor de imaginação fértil (qual deles não a têm?), parece-me que a sagacidade indubitável desse experiente e inteligente político lhe inspirou duas ações:a) Para não deixar traços evidentes da traição aos deveres conjugais, não pagou pensão e benefícios à mulher fatal e à filha mediante simples débitos em suas contas bancárias e dos respectivos créditos na conta da amante.b) Para demonstrar a ela – jornalista e de cultura superior – sua penúria financeira para efetuar desembolsos de quantias até maiores que ela provavelmente lhe exigia (teria havido chantagem?) engendrou a novela de pagamentos em dinheiro vivo, feitos por um amigo, notório lobista de uma grande empreiteira, de forma a comprovar sua necessidade de recorrer a meios escusos para garantir a pecúnia devida. (Só hoje o Estadão publica reportagem sobre a crescente fortuna agropecuária da família Calheiros e da expansão de suas fazendas - talvez a ex-parceira não o soubesse na época). É uma técnica bem desenvolvida pelos vigaristas que armam golpes nos quais a vítima participa de um ato criminoso para obter vantagens e depois não tem coragem de denunciá-lo à polícia.O tiro saiu pela culatra! A armação foi levada a conhecimento de um jornalista – por ela ou por outra fonte não revelada – para abalar o prestígio do senador. Ajudou a vender revista e a desviar a atenção do público dedicada às CPIs em funcionamento para apurar corrupção na Infraero, esta sim, um caso grave, gerador de insegurança no transporte aéreo.Acompanhemos o desenvolvimento da novela da Gautama e de outras empreiteiras que merecem maior atenção e bengalas na hereditária e endêmica corrupção que nos foi transmitida pelos ancestrais aventureiros lusitanos.
03 junho 2007
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