ACONTECEU EM RIBEIRÃO PRETO, MAS PODE ACONTECER EM QUALQUER LUGAR:
"Cidade Sedução e crime
Homem que extorquia mulheres que conhecia em salas de bate-papo na internet foi preso em flagrante em RP
GABRIELA YAMADA Gazeta de Ribeirãogabriela.yamada@gazetaderibeirao.com.brA Polícia Civil de Ribeirão prendeu na segunda-feira um homem que se passava jornalista, tinha documentos falsos e aplicava golpes em mulheres que conhecia pela internet. Celso René dos Santos tem 48 anos, foi acusado de estelionato e detido em flagrante após receber R$ 4,6 mil em dinheiro do diretor da Boraquímica, Rogério Bonato, num restaurante do centro da cidade.Ele é responsável pelo site Imprensa Paulista, de Itu. É também acusado de golpe em outras quatro vítimas, todas mulheres. Uma delas, que registrou boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher de São Bernardo do Campo, diz ter sido extorquida em R$ 40 mil.Segundo o delegado do 4º Distrito Policial Haroldo Chaud, Santos conhecia mulheres de perfil carente através de salas de bate-papo na internet e as seduzia. Na região, a suposta vítima de Santos é a ex-funcionária da Boraquímica Rita, de 43 anos, que prefere não ser identificada. Ela afirma ter arcado com todas as despesas do galanteador desde sua chegada a Ribeirão, há 4 meses."Ele se apresentou a ela como jornalista investigativo da Polícia Federal e redator-chefe do Imprensa Paulista e disse que aguardava o recebimento de um dinheiro para imprimir o jornal", diz o delegado. O homem não possuía computador: ele agia em lan houses, segundo Chaud.Santos ligou para o diretor da Boraquímica após a namorada se recusar a lhe dar mais dinheiro, afirmando ser jornalista do Ministério Público e que possuía denúncias de irregularidades da empresa, feitas pela própria Rita. Ele pediu dinheiro em troca de sigilo."Quando as chantagens começaram, demitimos a funcionária porque não sabíamos até que ponto ela poderia estar envolvida. Depois, conversei com ela e pedi para 'dar corda'", afirma Bonato, que deve se encontrar em breve com a ex-funcionária para decidir se será readmitida.Segundo Bonato, Santos pediu R$ 3 mil a Rita, valor pago através da Boraquímica. Em e-mails enviados ao diretor da empresa, o homem afirmava que precisava de dinheiro para imprimir o jornal. Em um deles, afirmou que sabia que seu filho estava sendo ameaçado e tentou acusar a Boraquímica.Mãe“É um homem totalmente dissimulado, que acredita nas próprias mentiras", afirma o delegado. Santos, que possui o registro precário concedido por liminar para atuar como jornalista, passou a usar o site para difamar e chantagear vítimas: em uma das "matérias", por exemplo, ele escreve que a Boraquímica está envolvida em falsificação de leite com soda cáustica. Santos também cita Anselmo Lopes Rodrigues, presidente do Santelisa Vale. Todas as acusações são falsas, diz o delegado.Santos exigiu mais dinheiro de Bonato, que entrou em contato com Chaud. Após receber orientações do delegado, combinou a entrega dos R$ 4,6 mil no RibeirãoShopping. "No meio do caminho, ele mudou a rota e decidiu que encontraria o diretor num restaurante", afirma.Santos está no Centro de Detenção Provisória e afirmou ao delegado que falará somente em juízo. Ele não possui advogado, e a mãe de Santos, a advogada Maria de Lourdes Bazalia, 69, mora em Itu e afirmou à reportagem, por telefone, que não pode atuar por problemas de saúde.‘Ele é uma pessoa fechada’, diz mãeJunto com Celso René dos Santos, a Polícia Civil apreendeu carteiras de trabalho e carteirinhas de comitês de imprensa da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e da Presidência da República. "Ele usava o título de jornalista para impressionar", afirma o delegado Haroldo Chaud.A mãe de Santos, Maria de Lourdes Bazalia, diz que o perfil do filho é de uma pessoa muito fechada, que não costuma fazer amizades. "Ele é polêmico e conhecido em Itu, principalmente entre políticos e jornalistas, porque não tem medo de falar o que pensa", diz Maria de Lourdes.Separado há um ano, Santos tem um filho de 20 anos de idade que está chocado com a prisão do pai, segundo Maria de Lourdes. Técnico em agronomia de formação, ele já respondeu por dois crimes de estelionato e em um deles foi absolvido. No outro, a Justiça considerou o estelionato como crime de menor potencial ofensivo.No site Imprensa Paulista, Santos se identifica como diretor-geral e colocou, na página inicial, a logomarca de 20 empresas para dar credibilidade ao trabalho. "É como se essas empresas fossem patrocinadoras do site, mas na verdade suas logomarcas estão sendo indevidamente usadas", afirma o delegado. "Ele ainda se apropria do nome 'Imprensa Paulista', e afirma que o jornal foi fundado em 1933 e pertence a ele", completa.O Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo informou que entrou em contato com o Ministério do Trabalho e está levantando informações acerca de Santos. Alcimir do Carmo, secretário-adjunto do interior, afirma que tanto o sindicato quanto a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) não reconhecem como jornalistas os profissionais que atuam com o registro precário." (Gazeta de Ribeirão)
COMENTÁRIO
A carência de afeto é uma característica humana muito usada pelos salafrários. A construção sofisticada de uma falsa identidade de pessoa idônea e confiável mostra a sua habilidade, o pendor artístico e criativo temperado por absoluta falta de compaixão e de respeito aos sentimentos de suas vítimas.
Nem sempre o pilantra se compraz com a vantagem monetária obtida com o golpe. Seu êxtase orgástico é atingido quando sente que a mosca se enredou na teia por ele criada para o engodo. Se outros insetos forem apanhados, o vigarista se sente como um rei adulado e amado pelas cortesãs. O prazer do pecado faz com que o pecador aceite os riscos da punição, particularmente quando esta - como no Brasil - é incerta ou branda.
É preciso ter em mente que a internet é uma facilitadora das falsas identidades e da comunicação aliciadora de prestígio e confiança. É teatro digital e assim deve ser entendido pelos espectadores.
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