ESTE É UM DOS CONTOS MAIS COMUNS! MAS AINDA TEM GENTE QUE CAI.
O Conto da Recompensa
Na saída do banco, José – 70 anos, cabelos brancos, olhos baços, porém ainda lépido pelos muitos anos trabalhando como carteiro – percebe que o jovem loiro que ia à sua frente, terno e gravata, jeito de executivo, abaixa-se e pega uma carteira caída na calçada. Volta-se em direção ao idoso e pergunta-lhe:
- É sua? – Abre um pouco a carteira e deixa entrever algumas notas.
- Não! A minha está aqui no bolso do casaco. Apalpa o volume no recheado de bilhetes de 50, economias que retirara da poupança para comprar uma bicicleta para o neto que faz aniversário no dia seguinte.
Aproxima-se deles um outro idoso, moreno, cara de preocupado, manquitolando acentuadamente e indaga aos dois:
- Vocês por acaso não encontram uma carteira preta? Ia pagar o aluguel e deixei cair por aqui. O rosto tisnado pela ansiedade é simpático e o olhar firme.
- Acabamos de encontrar – exibe a carteira – é esta?
- O manco pega o objeto, olha atentamente, conta as várias notas, verifica um cartão de crédito e o documento de identidade. Abre um sorriso amplo e agradece o jovem e o aposentado.
- Obrigado! Ainda existem pessoas honestas. Vocês merecem uma recompensa. Sou dono da banca de jornais que fica a duas quadras, atravessando a avenida. É fatigante para eu ir até lá. Mas leve aqui o meu cartão e peça à Jandira, minha mulher, que lhe dê 20 reais – Escreve algo no cartão e o entrega ao jovem executivo, que diz não precisar de recompensa alguma. O jornaleiro insiste.
- Então está bem. Eu vou mas volto para agradecer a sua gentileza. Fique aqui com a minha carteira para garantia do meu retorno.
- Não precisa deixar nada. Eu aguardo.
- Confiança é confiança! Fique aí com a minha carteira. Eu volto logo – Cindo minutos depois o executivo retorna exibindo uma nota de 20 reais. Abraça o manquitola e se despede agradecido.
O aposentado se extasia ante tanta demonstração de confiança, honestidade e gratidão. O jornaleiro insiste em que ele vá buscar seu prêmio. Estende mão para pedir a carteira do idoso, o penhor da confiança. Meio aturdido ante o acontecimento inusitado, José entrega a carteira, pega o cartão onde lê a ordem de dar 20 reais ao portador e caminha as duas quadras até a banca de jornais. Constata que ela não existe naquele local. Talvez tenha se enganado... atravessa a avenida, olha na outra esquina e...nada. Volta até a porta do banco onde deixara o manco simpático com a sua carteira. Evaporou-se.
José segue para casa aborrecido e decepcionado com ele mesmo. Otário! Otário! Sussurra-lhe uma voz interior. Não dá queixa à polícia. Não quer que outros saibam da sua ingenuidade.
Comentários: A dupla de vigaristas aproveitou-se de naturais sentimentos humanos da vítima: um ganho extra sem esforço, solidariedade, credulidade e a tendência de imitar gestos – a entrega da carteira em penhor de confiança – de pessoas que acabam de praticar ações meritórias. Essa imitação é um impulso irracional. Cuidado com os atos irrefletidos! As aparências enganam. Vigaristas são antes de tudo, artistas.
Na saída do banco, José – 70 anos, cabelos brancos, olhos baços, porém ainda lépido pelos muitos anos trabalhando como carteiro – percebe que o jovem loiro que ia à sua frente, terno e gravata, jeito de executivo, abaixa-se e pega uma carteira caída na calçada. Volta-se em direção ao idoso e pergunta-lhe:
- É sua? – Abre um pouco a carteira e deixa entrever algumas notas.
- Não! A minha está aqui no bolso do casaco. Apalpa o volume no recheado de bilhetes de 50, economias que retirara da poupança para comprar uma bicicleta para o neto que faz aniversário no dia seguinte.
Aproxima-se deles um outro idoso, moreno, cara de preocupado, manquitolando acentuadamente e indaga aos dois:
- Vocês por acaso não encontram uma carteira preta? Ia pagar o aluguel e deixei cair por aqui. O rosto tisnado pela ansiedade é simpático e o olhar firme.
- Acabamos de encontrar – exibe a carteira – é esta?
- O manco pega o objeto, olha atentamente, conta as várias notas, verifica um cartão de crédito e o documento de identidade. Abre um sorriso amplo e agradece o jovem e o aposentado.
- Obrigado! Ainda existem pessoas honestas. Vocês merecem uma recompensa. Sou dono da banca de jornais que fica a duas quadras, atravessando a avenida. É fatigante para eu ir até lá. Mas leve aqui o meu cartão e peça à Jandira, minha mulher, que lhe dê 20 reais – Escreve algo no cartão e o entrega ao jovem executivo, que diz não precisar de recompensa alguma. O jornaleiro insiste.
- Então está bem. Eu vou mas volto para agradecer a sua gentileza. Fique aqui com a minha carteira para garantia do meu retorno.
- Não precisa deixar nada. Eu aguardo.
- Confiança é confiança! Fique aí com a minha carteira. Eu volto logo – Cindo minutos depois o executivo retorna exibindo uma nota de 20 reais. Abraça o manquitola e se despede agradecido.
O aposentado se extasia ante tanta demonstração de confiança, honestidade e gratidão. O jornaleiro insiste em que ele vá buscar seu prêmio. Estende mão para pedir a carteira do idoso, o penhor da confiança. Meio aturdido ante o acontecimento inusitado, José entrega a carteira, pega o cartão onde lê a ordem de dar 20 reais ao portador e caminha as duas quadras até a banca de jornais. Constata que ela não existe naquele local. Talvez tenha se enganado... atravessa a avenida, olha na outra esquina e...nada. Volta até a porta do banco onde deixara o manco simpático com a sua carteira. Evaporou-se.
José segue para casa aborrecido e decepcionado com ele mesmo. Otário! Otário! Sussurra-lhe uma voz interior. Não dá queixa à polícia. Não quer que outros saibam da sua ingenuidade.
Comentários: A dupla de vigaristas aproveitou-se de naturais sentimentos humanos da vítima: um ganho extra sem esforço, solidariedade, credulidade e a tendência de imitar gestos – a entrega da carteira em penhor de confiança – de pessoas que acabam de praticar ações meritórias. Essa imitação é um impulso irracional. Cuidado com os atos irrefletidos! As aparências enganam. Vigaristas são antes de tudo, artistas.
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